10 de Março de 2005 | 00h00
ransplantado recebe alta hospitalar e diz que experiência mudou sua forma de encarar a vida
Depois de permanecer internado por 33 dias no Hospital Unimed de Sorocaba “Dr. Miguel Villa Nova Soeiro” (HUS), onde se submeteu a um transplante de coração, no último dia 24 de janeiro, Ivan Poveda Gomes, 32 anos, recebeu alta hospitalar no domingo (27). Segundo ele, “para recomeçar a vida que, praticamente, tinha perdido”.
O período de internação de Ivan foi o dobro do normal para transplantados cardíacos. Segundo o cardiologista e diretor-clínico do HUS, Héctor Archer Garcia, isto se deu em função de um problema pulmonar pré-existente, e que exigiu outra cirurgia e tratamento especial.
O quadro de Ivan era grave. Antes da cirurgia de transplante, encontrava-se internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um outro hospital da cidade, e seu coração se mantinha funcionando com o auxílio de drogas. "Se fossem suspensas, o coração não suportaria", conta outro médico da equipe de Transplantes da Unimed de Sorocaba, Wlademir dos Santos Júnior.
Segundo os médicos, a evolução do enxerto foi muito boa, seu corpo aceitou bem o novo órgão e ele não apresentou intercorrências maiores. "A única complicação foi pneumotórax secundário a embolia pré existente", explica Wlademir. Para contornar o problema foram tomadas medidas cirúrgicas pertinentes ao caso.
Durante as próximas três ou quatro semanas, Ivan passará por avaliações periódicas no ambulatório de transplantes do HUS. "A cada dois dias avaliaremos suas condições e, ao final desse período, (cerca de um mês) realizaremos nova biópsia; se tudo estiver em ordem, como esperamos, espaçaremos o intervalo dessas visitas".
Nestes próximos 30 dias, a recomendação médica para Ivan é manter-se em repouso. Depois, se tudo transcorrer bem, como é esperado pela equipe médica, ele poderá retomar atividades físicas como caminhar, por exemplo. "Daqui seis meses, a vida dele deverá ser absolutamente normal", prevê o cardiologista Wlademir.
Abaixo, o depoimento de Ivan Poveda Gomes momentos antes de deixar o HUS
Sobre os últimos 33 dias – "Foram dias difíceis. Como estava quase morrendo, não tive medo. Nem dor após a cirurgia de transplante eu senti. Mas teve um momento difícil, quando eu precisei passar por outra cirurgia (a pulmonar). Eu me sentia bem, mas não podia ir embora. Explicaram que era um problema que meu antigo coração tinha causado. Tive de aprender a ter paciência e a esperar pela alta".
Sobre a equipe que o acompanhou – "Deus iluminou as mãos destes médicos. Fui muito bem tratado. É um hospital excelente. Estou muito contente. E graças a Ele estou tendo alta".
Sobre a mudança em encarar a vida – "Hoje, vejo que não somos nada no mundo. Acredito que todas as coisas que acontecem, principalmente as difíceis, são feitas por Deus para nos mostrar que não somos nada e que estamos em Suas mãos. Antes, quando ainda estava bom, eu reclamava muito das coisas. Reclamava de coisas tão bobas, que até sinto vergonha de lembrar. Agora, aprendi a dar mais valor para o dia-a-dia, acordar e ver a luz do dia, ver meus filhos, minha esposa, é uma alegria que não tem como medir. Como evangélico, sempre me senti devedor a Deus. Hoje, me sinto muito mais devedor ainda".
Sobre o doador – "Meu desejo é conhecer a família do doador e agradecê-los por terem autorizado a doação. Mas não sei se terei palavras para agradecê-los".
Sobre seus sonhos – "Quero poder fazer tudo aquilo que não pude fazer nos últimos anos por causa da doença. Fui imobilizado pela doença. Eu era uma pessoa que sonhava tanto em poder trabalhar, curtir os filhos, a esposa e até hoje não consegui realizar isso. Passei a vida sofrendo com esse problema. Meu principal sonho é poder ajudar meu filho do meio a passar por mais um transplante de rim (já se submeteu a um, mas precisa de outro) e minha esposa que me ajudou muito. Ela sempre me ajudou e sempre esteve ao meu lado neste tempo todo".
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