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8 de Agosto de 2005 | 00h00

Primeiro transplante de coração em Sorocaba faz um ano na terça

O domador de cavalos de Salto de Pirapora, Sandro Luiz Dias, de 36 anos, comemora um ano de vida nova e coração novo, nesta terça-feira. Sandro foi beneficiado pelo primeiro transplante de coração realizado em Sorocaba no ano passado e, devido à sua recuperação primorosa em todas as fases do pós-operatório, tornou-se um símbolo do sucesso deste tipo de cirurgia, especialmente para a equipe que o atendeu e o acompanha até hoje. no Hospital Unimed "Miguel Villa Nova Soeiro".

Dono de um bom humor e disposição típicos das pessoas que valorizam cada minuto da vida, Sandro fala sem qualquer constrangimento que, ter ficado entre a vida e a morte, dependendo da solidariedade de alguém para sobreviver, provocou mudanças profundas. "Hoje me cuido mais, antes bebia e fumava, ia nos rodeios e abusava mesmo, não dava valor para a vida. Agora, tenho que me cuidar e percebo que estou muito melhor do que antes", diz o peão que antes da cirurgia ficou oito meses inválido, preso à cama por causa do inchaço no coração.

Naquela época, Sandro teve de abandonar todas as coisas que gostava e que lhe davam o sustento, como domar cavalos e montar em rodeios e cansava-se com as mínimas tarefas do cotidiano, até para comer. Quando o médico disse que deveria passar por um transplante cardíaco, Sandro lembra que não teve nem oportunidade de sentir medo ou ficar chocado, porque era a única chance que lhe restava para viver: "Medo eu tinha era de ficar daquele jeito, porque não tinha solução, quando operei o médico disse que eu tinha mais três meses de vida".

Ao deixar o hospital algumas semanas após à cirurgia, no ano passado, Sandro falou em entrevista ao Cruzeiro do Sul que cavalgar era a coisa que mais gostaria de voltar a fazer. Graças à recuperação perfeita (desde os primeiros dias e até hoje, sempre superando as expectativas da equipe médica), Sandro realizou o desejo quase quatro meses após à operação: "O médico falou que podia com três meses, mas eu esperei mais, sempre fiz isso. Quando liberava para fazer uma coisa, eu esperava mais um pouco, por cuidado mesmo".

Até para domar cavalos Sandro está liberado, mas não se sente seguro para exercer esta função como antes. Normalmente, domava até três cavalos por vez, mas atualmente só arrisca treinar animais próprios, com mais cuidado para evitar acidentes. Sandro também desistiu de montar em bois e atualmente tem se dedicado à compra e venda de eqüinos e bovinos, mas este tipo de negociação é esporádica, não alcançando a renda que ele tinha antes com a doma.

Outra mudança bastante clara na vida de Sandro é o sucesso com as mulheres. Ele confirma que o assédio existe e muitas se aproximaram depois do transplante. A situação aumentou a preocupação, o cuidado e a marcação da mãe e da filha de 15 anos, mas Sandro se diverte e acha natural a posição das duas. Também encara com naturalidade ter sua história contada pelo locutor sempre que vai a rodeios.

Nessas situações faz questão de ressaltar a importância da doação de órgãos, lembrando que se não fosse a decisão de uma família em uma hora tão difícil da perda de um ente querido, não estaria vivo hoje. Sobre conhecer a família que o beneficiou, Sandro não descarta a possibilidade, mas diz que só aceitaria se os médicos achassem conveniente.

Quando aguardava a doação que lhe salvou a vida, Sandro não teve a oportunidade de conversar ou conhecer nenhum transplantado, mas costuma conversar com aqueles que aguardam na fila e com os que já operaram depois dele para contar sua experiência. "Acho que posso ajudar, normalmente eles querem saber como foi a cirurgia e como é a recuperação, eu incentivo que eles fiquem calmos porque tudo dá certo", diz o otimista transplantado.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul


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