21 de Novembro de 2011 | 00h00
A médica oftalmologista Regina Noma, cooperada da Unimed Sorocaba, defendeu a tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) intitulada “Problemática da correção óptica em escolares: acesso, comparecimento, necessidade e uso de óculos”.
O estudo trata do erro refracional não corrigido que, recentemente, foi reconhecido como importante causa de baixa visão e cegueira no mundo. “O fato é que este problema não chamava a atenção das autoridades, até que várias pesquisas, em diferentes partes do mundo, comprovaram o grande número de pessoas que não utilizavam a correção óptica adequada. Por este e outros motivos, decidi estudar o assunto”, conta a médica.
Pesquisam afirmam que o erro refracional não corrigido e a catarata correspondem a mais da metade das causas de cegueira no mundo, alcançando 57%. O glaucoma e a degeneração relacionada à idade representam 17% desse total; enquanto a retinopatia diabética, 3,9%, e as opacidades de córnea, 4%. “Baseado nesses resultados, estima-se que, aproximadamente, 85% das causas de baixa visão sejam evitáveis”, relata a oftalmologista.
Segundo a doutora Regina Noma, o impacto da deficiência visual na infância é ainda maior, pois ocorre numa fase em que o sistema visual ainda está em amadurecimento. “O desenvolvimento adequado da visão é essencial para o desenvolvimento de outros sentidos e habilidades, pois 80% do aprendizado da criança dependem deste sentido”, afirma.
Uma criança com deficiência visual pode apresentar um atraso no desenvolvimento motor, na aquisição da linguagem, além de comprometer a formação da personalidade e da integração social. “A criança que não enxerga poderá apresentar distúrbios emocionais que afetam seu desenvolvimento. O míope torna-se tímido e introvertido por não ter uma boa visão para longe. Os hipermetropes e astigmatas podem ter problemas de disciplina em função do esforço visual”, explica a médica.
Para a doutora Regina Noma, a problemática da falta da correção óptica parece fácil de ser resolvida, uma vez que poucas doenças possuem resolução tão rápida e simples como o uso de óculos. Porém, oferecer a melhor correção óptica à população ainda é um grande desafio. “O uso de óculos não depende somente da suspeita da dificuldade visual, como também da procura por atendimento médico especializado e, principalmente, do acesso à assistência médica oftalmológica”, ressalta a doutora Regina.
A médica afirma ainda que a prescrição de óculos não garante que o problema seja resolvido, pois ainda são necessários a aquisição, o uso e a reposição (em casos de quebra ou perda) dos mesmos. Somente após serem assegurados esses quesitos é que se consegue ter dados concretos sobre a atualização periódica da refração.
Dados gerais da tese
A tese avaliou 40.197 escolares, com idades entre 7 a 10 anos, matriculados no ensino municipal de Guarulhos, entre 2006 e 2007. Evidenciou que um pequeno porcentual de crianças submeteu-se a exame oftalmológico antes do ingresso escolar e que boa parte delas abandonou os óculos por perda ou quebra.
Apesar de as campanhas comunitárias serem a primeira oportunidade de exame para a maioria dos escolares triados como suspeitos de problema visual, o absenteísmo ainda é elevado. Este estudo revelou que 26,4% da população encaminhada não comparecem para exame oftalmológico, mesmo quando facilidades são oferecidas (duas oportunidades de exame gratuito, realização do exame nos fins de semana, transporte e alimentação gratuitos).
O estabelecimento de um programa de triagem visual nas escolas é importante para possibilitar a detecção de problemas visuais, mas precisa ser acompanhado pela melhora do acesso ao serviço de saúde e possibilidade de aquisição de óculos de baixo custo e boa qualidade.
Saiba Mais
Em 2008, por exemplo, a OMS (Organização Mundial de Saúde) divulgou os primeiros números considerando o erro refracional não corrigido como uma das causas da cegueira. Estima-se a existência de 314 milhões de pessoas com deficiência visual no mundo, sendo que 145 milhões são deficientes por erro refracional não corrigido e 8 milhões de pessoas são cegas pela falta do uso de óculos.
Sobre a especialista
A médica Regina Noma é cooperada da Unimed Sorocaba, formada em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP/SP, fez residência médica em Oftalmologia no Hospital das Clínicas da USP/SP, possui título de especialista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e, atualmente, é membro da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria (SOBLE).
Fonte: SZS Assessoria de Imprensa