7 de Agosto de 2013 | 00h00
Um exame de raios-x frontal simples equivale a um dia inteiro de radiação solar; uma tomografia de crânio corresponde a mais de oito meses de radiação natural e uma tomografia de abdômen, a mais de vinte meses de exposição ao sol
Em 2008, a ARSPI (Alliance for Radiation Safety in Pediatric Imaging) lançou a Image Gently, campanha de amplitude mundial que tem como objetivo conscientizar os profissionais da saúde – e, indiretamente, a população – sobre os efeitos da radiação proveniente dos exames de imagem em pacientes infantis.
A iniciativa ganhou impulso a partir do apoio de três importantes instituições: a Academia Americana de Pediatria, o Colégio Americano de Radiologia e a Sociedade de Radiologia Pediátrica, que congregam profissionais ligados às áreas de pediatria, radiologia, física médica e segurança em radiação.
“Foram estabelecidos consensos e protocolos pelo fato de alguns exames, como tomografias rápidas de alta resolução, terem se tornado muito acessíveis em termos tecnológicos e, assim, acabarem expondo as crianças a doses consideráveis de radiação”, explica a radiologista Mônica Oliveira Bernardo, da Unimed Sorocaba.
Em 2011, a Unimed do Brasil engajou-se à causa com a criação de um banco de dados. “Junto com a equipe técnica, fizemos levantamentos e protocolos e começamos a trabalhar com os pediatras”, diz Mônica. “Nosso objetivo com esse trabalho inicial é reduzir o nível de radiação a que as crianças estão expostas, sem, contudo, perder a qualidade dos exames.”
A campanha, porém, encontrou um obstáculo: vencer a cultura existente entre alguns médicos e boa parte da população em relação à real necessidade dos exames de imagem. “O brasileiro não está tão consciente quanto os americanos nessa questão”, atesta Mônica. “A população pensa que uma imagem obtida por radiação é uma foto simples e não tem noção dos efeitos que isso pode causar”, alerta.
Para se ter ideia do quanto um exame de raios-x é prejudicial, a médica faz algumas comparações. “Um frontal simples equivale a um dia inteiro de radiação solar; uma tomografia de crânio corresponde a mais de oito meses de radiação natural e uma tomografia de abdômen, a mais de vinte meses de exposição ao sol.”
Mônica Bernardo enfatiza que o exame radiológico não deve ser abolido, pois ajuda no diagnóstico. O ponto central da questão é que deve esse recurso deve ser mantido em segundo plano. “Indiscutivelmente, quando é utilizado, o médico fica mais tranquilo e a família, mais segura. Porém, se for acumulativo e sem restrição – porque, muitas vezes, os familiares forçam os médicos a solicitar esse tipo de exame –, pode causar desde catarata precoce até o desenvolvimento de tumores”, explica. “É parte da cultura do brasileiro acreditar que os exames de imagem complementam o diagnóstico”, destaca. “Chegamos a identificar, em nossos levantamentos, casos de algumas crianças que, em um mesmo mês, foram submetidas diversas vezes a um mesmo tipo de exame de imagem.”
Unimed Sorocaba cria protocolo
A Unimed Sorocaba deu um passo decisivo no sentido de ajudar médicos e responsáveis pelas crianças a controlar a radiação a que elas estão sujeitas em decorrência de exames de imagem. Assim, em 2012, foi criado um protocolo para essa área. Em vez de seguir um padrão pré-definido, a carga de radiação é calculada individualmente, levando em consideração a idade e o peso do paciente pediátrico. A orientação é que seja utilizada a menor carga de radiação possível, sem prejuízo ao resultado do procedimento.
Um dos próximos passos na Unimed Sorocaba será a distribuição de uma carteirinha, semelhante às de vacinação, para anotar o tipo de exame que foi feito e, assim, permitir o acompanhamento da carga radiológica acumulada. “Com isso, os médicos terão mais uma ferramenta para argumentar com o paciente e pedir exames apenas quando houver dúvida clínica”, pondera Mônica.
Palestra sobre proteção radiológica em pediatria
No dia 7 de agosto, a Unimed Sorocaba promoverá a palestra Proteção Radiológica em Pediatria. O evento é dirigido a pediatras e radiologistas de Sorocaba e região e aos colaboradores do Hospital “Dr. Miguel Soeiro” e será realizado no anfiteatro da Unidade Portal do Colégio Objetivo Sorocaba, localizado na Rua Romeu do Nascimento, 777. A atividade começará às 19h30 e terá como palestrante Luiz Antonio de Oliveira, chefe da Unidade de Radiologia do Instituto da Criança.
As inscrições são grátis. Porém, devido à limitação no número de assentos, é necessário inscrever-se com antecedência pelos telefones 3332-9251 ou 3332-9030
Fonte: SZS Assessoria de Imprensa