11 de Março de 2004 | 00h00
Hospital Unimed de Sorocaba cria exclusivo serviço de psicologia para atender pacientes, familiares, além dos profissionais diretamente envolvidos no atendimento. Há quatro anos, o Hospital Unimed de Sorocaba (HUS) criou o Serviço de Atendimento Psicológico ao Paciente. O trabalho que, inicialmente, se restringia à UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal passou, desde fevereiro de 2004, a ser aplicado a outras situações cotidianas do ambiente hospitalar, como nos casos de transplantes de órgãos e de pacientes que enfrentam risco de vida. Apesar do atendimento poder ser estendido até depois da alta hospitalar, ou começar antes mesmo da internação, nada é cobrado dos beneficiados.
Desde a década passada, a humanização nos serviços de saúde vem sendo discutida com mais ênfase no Brasil. Hábitos aparentemente irrelevantes - como se referir ao paciente pelo número do leito que ocupa - ou questões de maior amplitude - como a reforma curricular das escolas médicas brasileiras (iniciada em 2002 pelos Ministérios da Educação e da Saúde, que pretende formar médicos mais humanistas e engajados com a realidade comunitária) -ganham cada vez mais corpo em instituições ligada à saúde, principalmente nas grandes instituições particulares.
Coordenado pela psicanalista Mariza Inglez Stilitano de Souza, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise, o Serviço de Atendimento Psicológico ao Paciente do HUS é formado por um grupo de cinco psicólogas. O trabalho vai muito além do simples contato entre paciente e terapeuta, como o já existente em algumas (e poucas) instituições do País. Contextualiza todo o espectro que envolve a pessoa antes, durante e após sua internação, e também os envolvidos diretamente nessa questão, como familiares e profissionais da saúde. “O objetivo é amparar emocionalmente a pessoa internada e, com isso, proporcionar-lhe condições que a levem à sensação de bem-estar”, define Mariza. Segundo ela, apenas alguns hospitais europeus têm um serviço semelhante ao oferecido pelo HUS.
Através do Serviço de Atendimento Psicológico ao Paciente, os aspectos que circundam todas as pessoas internadas são avaliados. Uma vez definido quem merece atenção especializada do grupo, o trabalho é iniciado. Nesse sentido, incluem-se os familiares dos internados e os profissionais da saúde, sobretudo os da enfermagem. “Desenvolvemos um trabalho constante para aliviar a pressão psicológica à qual esses profissionais estão expostos e, através disso, torná-los ainda mais receptivos e sintonizados com as necessidades dos pacientes internados”.
Três circunstâncias são capazes de ilustrar o trabalho desenvolvido pelo grupo de psicólogos no HUS: UTI Neonatal, transplantes de órgãos e pacientes em fase terminal.
UTI Neonatal – Desde que a importância envolvendo a relação entre mães e seus filhos recém-nascidos começou a se tornar consenso entre a comunidade médica, há cerca de 40 anos, várias práticas começaram a ser adotadas e determinados problemas de ordem psicológica passaram a ser compreendidos e solucionados. “Mãe e bebê são um binômio indissolúvel”, resume Mariza. A partir dessa posição, a psicanalista explica que na maioria dos casos, quando o recém-nascido precisa permanecer internado em uma UTI especializada, os pais também devem receber uma série de cuidados especiais que, se não forem corretamente aplicados, podem gerar seqüelas psíquicas para o resto da vida (tanto deles quanto dos bebês).
Alguns pais, mesmo depois do bebê ter recebido alta e estar em casa, não conseguem desassociar a criança da situação de risco. “Como o aspecto irracional do ser humano é muito forte, algumas pessoas que passam por situações dessa natureza podem viver permanentemente com medo que seus filhos morram ou adoeçam seriamente a qualquer momento”, explica Mariza. “Quando detectamos que determinada situação pode acarretar algum tipo de entrave no desenvolvimento físico ou psicológico do paciente, estendemos nosso atendimento após a alta”.
Transplantados – Para Mariza, a questão envolvendo os receptores de órgãos é bastante ampla. Envolve uma grande carga emotiva antes da cirurgia de transplante, nos momentos imediatos após a cirurgia e na fase posterior, mesmo depois de superado o período mais crítico, quando pode ocorrer a rejeição do órgão transplantado.
Na opinião da psicanalista, a angústia e a ansiedade que precedem a localização de um órgão compatível é muito grande. “O paciente sente-se ameaçado, afinal, ele tem um órgão que está em estado de falência”, explica. Alguns questionamentos íntimos são comuns aos futuros transplantados durante essa fase. “Será que acharão um órgão compatível?”, “Será que ele chegará a tempo?”, “E se o localizarem, será que a cirurgia transcorrerá bem?”, conta Mariza. Até mesmo depois de constatado o sucesso do transplante, alguns pacientes sofrem psicologicamente. “Costumam se sentir culpados pela morte do doador”. Esse sentimento, segundo a profissional, também precisa ser trabalhado e equacionado.
Pacientes terminais – “Morrer bem é tão importante quanto viver bem”, define Mariza Inglez. Em situações onde as possibilidades de salvar o paciente são praticamente inexistentes, o Serviço de Atendimento Psicológico ao Paciente do HUS é acionado para atuar junto ao paciente e seus familiares próximos. “É natural que a família fique aflita, confusa e, com isso, abandonem o apoio emocional e racional ao paciente”, explica.
SOBRE A UNIMED DE SOROCABA – A cooperativa encerrou 2003 com 694 cooperados, 594 colaboradores diretos e 67.108 usuários.
Fonte: Departamento de Marketing - Unimed de Sorocaba