31 de Março de 2004 | 00h00
Quando o médico que acompanha o paciente precisar ministrar um medicamento, o procedimento só poderá ser feito via sistema computadorizado, que integra on-line à farmácia, enfermagem, setor de contas e demais setores e sistemas do hospital e de gestão de planos de saúde.
Encontra-se em fase final de testes o Projeto Prontuário Eletrônico, segundo o qual todos os procedimentos do Hospital Unimed de Sorocaba envolvendo pacientes, equipe técnica, estoque de produtos farmacêuticos, aplicação de medicamentos e históricos médicos estarão integrados por um sistema exclusivo e que proporcionará visão em tempo real de vários aspectos do cotidiano hospitalar. Pelo que consta em publicações especializadas, nenhuma outra instituição hospitalar do País possui sistema similar.
As bases do Projeto Prontuário Eletrônico começaram a ser sedimentadas em 1998, quando a diretoria eleita (e reeleita em 5 de março de 2004) decidiu iniciar um grande programa de informatização na cooperativa médica. Foi em março de 2002, com o primeiro teste operacional, que o projeto começou a se cristalizar. De acordo com o gerente de Informática da Unimed de Sorocaba, Luís Carlos Terciani, o principal parceiro nesse trabalho vem sendo da empresa sorocabana Informenge, especializada em sistemas de gestão hospitalares, cooperativas médicas e farmácias.
Auxiliado por uma equipe de 11 profissionais, Terciani executa e coordena todos os aspectos técnicos do Projeto Prescrição Eletrônica. Porém, a afinidade com a diretoria-técnica é fundamental. “O projeto envolve muitas questões delicadas, sobretudo as ligadas à ética médica, segurança e confidencialidade de informações e rotinas hospitalares”, conta.
De acordo com a diretora administrativa do Hospital Unimed de Sorocaba, Lenira Swain Müller, o Projeto Prontuário Eletrônico envolve muitos detalhes operacionais, técnicos e sobre ética médica. Seu espectro pode ser vislumbrado facilmente. Tudo começa com a entrada do paciente no hospital. Logo ao chegar, a pessoa receberá uma pulseira de identificação contendo código de barras. Dali em diante, o referencial não será mais o número do apartamento ou do leito que ocupa – como ocorre na maioria dos hospitais –, mas o código contido na pulseira. Dessa forma, fica eliminado o risco de alguma confusão se, porventura, o paciente precisar ser transferido para outro apartamento, sala de cirurgia ou ficar internado em uma das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva). Seu código permanecerá o mesmo.
Isso, porém, é só o começo do processo. Quando o médico que acompanha o paciente precisar ministrar um medicamento, o procedimento só poderá ser feito via sistema computadorizado, que integra on-line à farmácia, enfermagem, setor de contas e demais setores e sistemas do hospital e de gestão de planos de saúde.
Com isso, eliminam-se vários problemas operacionais muito comuns nos grandes hospitais. Um deles é o fato do médico receitar um medicamento não padronizado ou que não consta entre os milhares de itens do estoque da farmácia hospitalar. Outro é o fato, bastante corriqueiro, do médico reformular sua prescrição e a farmácia não acompanhar em tempo hábil sua dispensação. Esse fato gera o que os administradores denominam de retrabalho, acarretando em perda de tempo produtivo e atrasos nas operações seguintes.
Prevê-se ainda a redução quase total das devoluções de medicamentos à farmácia (enviados ao paciente que já teve alta ou cancelados/substituídos pelo médico); a otimização entre o tempo da solicitação do medicamento, a entrega da prescrição na farmácia, a separação do produto e o envio ao setor de Enfermagem para a respectiva administração no paciente. Hoje se faz a separação e dispensação de medicamentos para pacientes de 12 em 12 horas. “Com o projeto, reduziremos esse período para o intervalo de duas horas”, relata Terciani.
O passo seguinte refere-se à chegada dos produtos farmacêuticos à Enfermagem. Eles virão separados e identificados pelo código de cada paciente. Quando a equipe de enfermeiros for ministrá-los, precisará, antes de mais nada, efetuar uma leitura ótica da pulseira do paciente. “Isso será feito por meio de um palm-top, também conectado à rede central”, explica Luis Carlos. Quando o profissional passar o leitor ótico pelo código de barras contido na pulseira do paciente, a tela do equipamento mostrará quais os medicamentos prescritos e em que horários deverão ser ministrados. Se tudo estiver em ordem, o enfermeiro prosseguirá. “Porém, precisará registrar no palm-top sua própria identificação e o procedimento que realizou”. Com isso, será possível identificar os responsáveis por eventuais erros cometidos nesse momento, se o paciente não aceitou, se houve perda do material entre outros.
O Projeto Prescrição vai além. Como a Unimed de Sorocaba possui laboratório de exames clínicos e setor de imagem, toda vez que um associado à cooperativa for submetido a um desses exames, os laudos ficarão armazenados em um banco de dados. Dessa forma, quando essa pessoa for internada em situação de risco no hospital, os médicos terão acesso ao histórico de sua vida clínica, que começará a ser alimentado a partir da implantação do projeto.
Futuramente, o Projeto Prontuário prevê a possibilidade de acesso ao banco de dados via Internet. Isso abre a possibilidade de o médico acompanhar a prescrição de um paciente, sem precisar se locomover ou confiar em transmiti-la através do telefone. “Nossa preocupação com essa possibilidade está relacionada aos fatores de segurança e éticos, já que as informações estariam acessíveis fora do espaço físico da Unimed de Sorocaba”, diz Lenira. “Através dos prontuários é possível extrair uma série de informações nosológicas, epidemiológicas, dados estatísticos utilizados não só como indicadores do desempenho de uma instituição, mas como instrumentos de pesquisas científicas e acadêmicas”, finaliza.
Fonte: Departamento de Marketing - Unimed de Sorocaba