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8 de Abril de 2009 | 00h00

Gestores da Unimed Sorocaba participam de palestra sobre inclusão de portadores de deficiência física no mercado de trabalho

Diretores, gerentes e coordenadores da Unimed Sorocaba participaram na última quarta-feira, 25 de março, da palestra “A evolução do processo de inserção de PPDs (pessoas portadores de deficiência) no Brasil”.

Diretores, gerentes e coordenadores da Unimed Sorocaba participaram na manhã da última quarta-feira, 25 de março, no auditório do Serviço de Medicina Preventiva, da palestra “A evolução do processo de inserção de PPDs (pessoas portadores de deficiência) no Brasil”, ministrada pelo diretor da unidade de Itu do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), professor Helvécio Siqueira de Oliveira.  

Durante sua palestra, que durou, aproximadamente, duas horas, Helvécio citou que o Senai promove a inclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais fundamentado nos princípios do direito ao exercício da cidadania e da integração no trabalho. Segundo ele, a escola Senai “Ítalo Bologna” desenvolve tecnologias assistivas; facilita a inclusão escolar de PcDs (pessoas com deficiência) no SESI e SENAI-SP; atende a indústria paulista na inclusão econômica de PcDs; identifica áreas para inclusão; promove adaptações arquitetônicas e processos; identifica PcDs (decreto 5296 de 2004); sensibiliza funcionários; qualifica PcDs utilizando a rede de Escolas SENAI e assessora a adaptação ao trabalho. 

De acordo com o palestrante, o tratamento da sociedade com as questões das pessoas portadoras de deficiência costumam gerar efeitos que vão da exclusão social (repúdio), passando pelo assistencialismo (segregação/paternalismo), integração e inclusão social. Pontuando a questão dentro da História, o professor Helvécio contou que na antiguidade os hebreus entendiam a deficiência como uma punição divina, enquanto na Roma antiga, a Lei das XII Tábuas autorizava os pais a matarem seus filhos com deficiência e os espartanos exterminavam bebês considerados frágeis ou portadores de deficiência, lançando-os do alto do Taigeto. “Os PPD’s eram repudiados e considerados inúteis, inválidos e não trabalhavam”, explicou. 

Discorrendo sobre o assistencialismo, o diretor da unidade do Senai em Itu contou que historicamente as   pessoas com deficiência, embora reconhecidas como seres humanos e, portanto, com direito à vida, eram segregadas em instituições longe da sociedade. “O Feudalismo criou casas que eram instituições de assistência com abrigo, alimentação, medicamentos e ocupação e o reinado de Henrique II  (França,1547) ,  instituiu a assistência social obrigatória do estado”, pontuou Helvécio. “Como o trabalho era considerado uma exploração por causa do sentimento de pena, o trabalho permitido era realizado em instituições fora do contexto social”, explicou. 

A queda do assistencialismo foi motivada por alguns fatores em diversos pontos da História, como no Renascimento (ótica científica da deficiência), Idade  Moderna (invenção das cadeiras de rodas, bengalas, bastões, muletas, código Braille, etc.), Revolução Industrial (aparecimento dos acidentes de trabalho como causa de deficiências), Guerras Mundiais (surgimento da reabilitação científica impulsionada    pela necessidade de propiciar atividade remunerada e vida social digna aos soldados mutilados nos combates) e movimentos pelos direitos humanos (Declaração Universal do Direitos Humanos; princípio da não-discriminação). 

De acordo com o artigo 93, da lei 8213/91, empresas com cem ou mais empresados estão obrigadas a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas e na seguinte proporção:

    Faixa                                             Percentual

n        Até 200 Empregados                            2%

n       De 201 a 500 empregados                     3%

n       De 501 a 1000 empregados                   4%

n       De 1001 em diante                               5%  

O professor Helvécio explicou que deficiência física é a   alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física como paraplegia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida. “Exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções”, ponderou.  

Já a deficiência auditiva se constitui no âmbito trabalhista como a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis(dB) ou mais, aferida por audiogramas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz; enquanto a deficiência visual se dá pela cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.  

Por sua vez, a deficiência mental é caracterizada pelo funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer e trabalho; e a deficiência múltipla é a associação de duas ou mais deficiências, como, por exemplo, deficiência física e mental ou deficiência visual e auditiva (surdo-cego). 

De acordo com a gerente de Recursos Humanos da Unimed Sorocaba, Palmira Santini, outras atividades nesse mesmo contexto acontecerão nos dias 2, 6, 7 e 8 de abril e envolverão os colaboradores da Sede Administrativa e do Hospital Unimed de Sorocaba.  

Depoimentos – Patrícia Bezerra da Silva e Eliseu Alvares de Paula, respectivamente, da Engenharia Hospitalar e do SAC, aprovaram a palestra e a iniciativa do RH da Unimed. Eliseu, que é pai de um filho portador de deficiência conhece bem a realidade. “Tenho conceitos claros a respeito do valor de uma pessoa portadora de deficiência e, por isso, louvo o trabalho da Unimed em parceria com o SENAI para capacitá-los ao mercado de trabalho”, afirma.  

Eliseu relata uma história que mostra bem as dificuldades pelas quais passam pessoas portadoras de deficiência. “Em várias empresas que o meu filho trabalhou encontramos gestores totalmente desqualificados para lidar com uma pessoa deficiente” relembra. “Houve uma empresa que para cumprir a cota estipulada por lei, inseria deficientes em serviços que um ser humano normal dificilmente conseguiria executá-lo. Tive que tirar meu filho dessa empresa para não agravar seu problema de saúde”, conta.  

Segundo Eliseu é preciso compreender as formas de expressão de um portador de deficiência auditiva. “Poucos sabem, mas o portador de deficiência auditiva não só tem problema de surdez, mas dependendo do grau dessa deficiência, tem grande dificuldade para se comunicar verbalmente e por escrito”, alerta. Como já trabalhou com um colega nessas condições, ele dá uma dica importante. “Aprendi a interpretar as suas idéias e respostas e reescrevia seus e-mails para evitar algum mal entendido. Portanto, um deficiente num ambiente de trabalho envolve não só a compreensão da chefia, mas a dos seus colegas de trabalho”. 

Sobre a palestra em si, Patrícia elogiou a forma didática com que o professor Helvécio a apresentou. “Gostei muito da retrospectiva que foi feita com as legislações pertinentes ao assunto, a qual nos trouxe um bom panorama sobre os nossos direitos e deveres, além do fato de saber que a Unimed foi a primeira empresa que conseguiu, com a anuência do Ministério Público e do Trabalho, o acordo de preparar o deficiente para trabalhar na área da saúde, antes mesmo de contratá-lo”. 

Atualmente, Patrícia trabalha junto com um deficiente físico. “A deficiência física só nos chama atenção no primeiro momento, e isso é o que há de melhor neste projeto”, destaca. “A convivência com deficiente faz com que os preconceitos caiam por terra. O que mais importa nas relações do trabalho é a dedicação e o amor com que se faz a atividade proposta. E isto observo no meu colega”.

Curso - A Unimed Sorocaba em parceria com as unidades do Senai de Itu e Sorocaba promoverão a partir de 13 de abril o curso “Preparação para o Trabalho em Área de Saúde”, cujo objetivo é capacitar pessoas  portadoras de deficiências auditivas e físicas para o mercado de trabalho.

Tornar o portador de deficiência um profissional capacitado e fazê-lo sentir-se uma peça importante e sem qualquer distinção no contexto da empresa é um dos principais objetivos do programa. Essa é a opinião do diretor superintendente da Unimed Sorocaba, doutor José Francisco Moron Morad. “Estamos totalmente empenhados nesse programa de capacitação e acreditamos que os novos futuros colaboradores somarão muita competência à Unimed Sorocaba”, acrescenta Palmira.

Esta não é a primeira vez que a Unimed Sorocaba lança um programa de capacitação voltado a pessoas portadoras de deficiência. Em 2006, a cooperativa médica lançou o curso “Informática e Telemarketing para Portadores de Necessidades Especiais”, inserido em seu Programa Vexpert de Responsabilidade Social, desenvolvido em parceria com a Universidade de Sorocaba (Uniso), Senai de Itu e Asac (Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais).

Fonte: SZS Assessoria de Imprensa


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