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5 de Outubro de 2020 | 08h12

Em busca de melhor imunidade, população passou a ser mais cuidadosa com a alimentação

Muito se fala dos (poucos) efeitos positivos que a Covid-19 gerou em termos de cuidados sanitários e relacionamentos sociais. Mas há um indicador que começa a ser observado pelos especialistas em nutrição: em busca de uma melhor imunidade, como forma de estarem bem fortalecidas no caso de se infectarem, as pessoas começaram a pensar melhor em suas dietas. 

No começo da pandemia, encorajadas a ficar em casa para não se expor ao novo coronavírus, muitas famílias preferiram comprar alimentos industrializados, que durariam mais tempo na despensa. O problema é que a opção por esses itens - que tendem a ser mais calóricos e menos nutritivos do que as “comidas de verdade” - pode deixar seus consumidores mais vulneráveis a doenças, inclusive à Covid-19.

Para falar sobre o assunto, ouvimos o doutor Francisco Coutinho, coordenador médico da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN)do Hospital Dr. Miguel Soeiro – pertencente à Unimed Sorocaba – e a nutricionista e encarregada da Nutrição Clínica da mesma instituição, Patricia Queiroz. 

Para o doutor Francisco Coutinho, esses seis meses foram de estresse. Essa condição, aliada à má alimentação e a vários outros fatores, contribuiu para fragilizar a saúde das pessoas. “A higiene mental proporcionada pelas atividades físicas (que reduz os níveis de cortisol, melhora a absorção de vitamina D diretamente do sol e reduz o estresse) ajudam na imunidade e na saúde como um todo. Porém, isso ficou de lado, num primeiro momento”, relembra. 

O importante, reforçam os dois especialistas, é que um corpo bem nutrido e saudável vença a briga não somente contra esse vírus, mas contra qualquer ameaça externa decorrente de microrganismos ou doenças que possam vir a desenvolver. 

De acordo com o doutor Francisco Coutinho a vitamina D encontrada apenas nos alimentos não é suficiente. “A que vem diretamente do sol é muito melhor. Para se ter ideia, seria necessária uma quantidade considerável de alimentos para equiparar com a fonte solar”, orienta. Estudos atuais indicam que o melhor horário para se expor ao sol com essa finalidade é ao meio-dia, por dez ou quinze minutos, no máximo. “Nunca mais do que isso”, alerta. 

Quanto à alimentação, as regras básicas continuam valendo. Dividir o prato em três porções – uma de proteínas, outra de carboidratos e a última, com verduras e legumes – segue como regra primária. “O ideal é ter cinco cores de alimentos no prato. Assim, garante-se a ingestão de micronutrientes, que são os sais minerais e as vitaminas, e os macronutrientes, ou seja, os carboidratos, as proteínas e os lipídeos”, orienta o doutor Francisco. 

Patrícia também defende a relevância da ingestão de alimentos mais coloridos. Eles, além das suas qualidades como micronutrientes, são antioxidantes: evitam a ação dos radicais livres sobre as células, os quais favorecem o envelhecimento celular, danos ao DNA e o aparecimento de diversas doenças, entre elas o câncer.

As proteínas merecem uma atenção especial, ajudam na imunidade com a produção de anticorpos. Por isso, o corpo de uma pessoa com déficit proteico não consegue se defender”, ressalta o doutor Francisco. 

Infelizmente, a associação da carne como fonte de proteína prevalece entre a população e, devido ao seu preço de venda ser maior do que o dos carboidratos, muitos acabam trocando um pelo outro – o que é bastante prejudicial à saúde. “As pessoas precisam se lembrar de que o feijão, em qualquer uma das suas variedades, também é uma fonte de proteína, assim como os ovos, por exemplo, que não têm restrição nutricional como se pensava algum tempo atrás e custam bem menos do que as carnes”, pontua Patrícia. 

Outro fator fundamental são os lipídeos (gorduras boas), como o ômega 3. Eles, do mesmo modo, ajudam fortemente na resposta imunológica das pessoas. “A sardinha é uma fonte rica dessa gordura. É uma fonte de proteína e não é cara”, observa. 

Muito se fala, sobretudo na imprensa, sobre o aproveitamento integral dos alimentos. Mas isso não pode e nem deve ser generalizado. Por esse motivo, a nutricionista do HMS faz um alerta: as folhas da cenoura e beterraba, por exemplo, são mais suscetíveis à exposição de agrotóxicos e, possuem fatores antinutricionais, que irão “roubar” os nutrientes da dieta. 

Mas existem outros alimentos, como a abóbora, por exemplo, que podem ser consumidos integralmente. Aliás, até suas sementes, se forem torradas, contribuem para o bom funcionamento intestinal, pois são fibras. E ter um intestino saudável é essencial à boa saúde e imunidade. “Setenta por cento da nossa imunidade está no intestino”, explica o doutor Francisco. “Trinta por cento dos leucócitos correm pelo sangue e o restante, nesse órgão”, detalha. 

A boa alimentação, associada à prática de atividade física, ao consumo de água (multiplicar o peso do corpo por 30 resulta nos mililitros ideais a serem ingeridos diariamente), assim como evitar o álcool, fumo e outras drogas, é essencial. Essa conjugação também leva à manutenção do peso ideal e, por consequência, evita as comorbidades mais comuns ligadas à obesidade, como a hipertensão arterial e o diabetes. “Os infectados pela Covid-19 que estavam acima do peso e eram hipertensos e/ou diabéticos tiveram mais complicações do que aqueles que estavam no peso ideal”, alerta o doutor Francisco. 

Segundo os dois especialistas da Unimed Sorocaba, ter uma boa alimentação não custa caro e não deve ser encarado como um “castigo”, mas sim como algo que proporciona bem-estar, saúde e qualidade de vida.

Fonte: SZS Assessoria de Imprensa


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