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13 de Agosto de 2013 | 00h00

Diretor do Serviço de Diagnóstico por Imagem do HC-FMUSP fez alerta sobre os efeitos da radiação em exames de imagem na pediatria

Há anos, médicos dos Estados Unidos alertam sobre os riscos que a radiação ionizante, emitida durante os exames de imagem, podem causar, sobretudo em pacientes pediátricos.

Não se trata de desestimular a utilização esse recurso, mas, sim, de utilizá-lo racionalmente e com as dosagens mínimas necessárias para ajudar no diagnóstico das patologias. No Brasil, um dos pioneiros na defesa dessa causa é o médico Luiz Antonio Nunes de Oliveira, diretor do Serviço de Diagnóstico por Imagem do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e chefe da unidade de Radiologia do Instituto da Criança, também da mesma universidade.

Luiz Antonio esteve em Sorocaba na noite do último 7 de agosto para ministrar palestra sobre os riscos e a proteção radiológica em pacientes pediátricos. O presidente da Unimed Sorocaba, José Francisco Moron Morad, fez a abertura oficial da atividade. Após agradecer a presença do palestrante e cumprimentá-lo pelo seu trabalho, Moron também enalteceu a iniciativa do Setor de Imagem do Hospital “Dr. Miguel Soeiro” (HMS), coordenada pelo radiologista Chen Yao Huei, em iniciar uma ampla campanha de conscientização no uso dos exames de imagem em pacientes infantis. A campanha vem sendo desenvolvida com o apoio da também radiologista Mônica Bernardo e da pediatra Luciana Maria de Andrade Ribeiro, cooperadas da Unimed Sorocaba.

Ao falar aos presentes, o coordenador do Setor de Imagem do HMS esclareceu que a campanha envolverá a distribuição de carteiras, similares às de vacinação, às mães que comparecerem ao HMS e aos consultórios dos médicos cooperados da Unimed Sorocaba. Nela, segundo Chen, serão anotados os tipos de exames de imagem pelos quais a criança submeteu-se e detalhes como a data desses procedimentos. “Faremos uma ampla divulgação na mídia sobre essa iniciativa”, revelou.

Durante cerca de duas horas, o palestrante explicou os riscos que cada tipo de exame de imagem representa e defendeu a integração entre as diversas especialidades médicas, sobretudo a pediatria, com a radiologia: “O objetivo é racionalizar o emprego desses métodos diagnósticos para que proporcionem o máximo de benefícios; ocasionem o mínimo de riscos atuais e futuros e poupem a criança e o adolescente de sofrimento físico e de agravos psicológicos”.

De acordo com Luiz Antonio, é fundamental que os médicos optem por métodos com doses menores de radiação. Segundo o especialista, as células dos pacientes infantis são mais sensíveis. “A radiação é cumulativa. A criança tem maior tempo de vida para desenvolver tumores”, alertou.

Os exames de imagem têm de ter indicação consistente. Na pediatria, as principais recomendações para radiografias convencionais são as situações agudas e de emergência, além dos estudos do tórax e dos ossos. Já as tomografias são indicadas, por exemplo, para casos de traumatismo causados ou não por acidente e no estudo detalhado do tórax para complementar aquele feito a partir dos raios-x.

Sobre as tomografias, Luiz Antonio fez outro alerta comparativo. “Uma tomografia equivale a quatrocentos exames sequenciais de raios-x.” Nas vértebras e cartilagens, o impacto é maior do que nos ossos. “Um exame de raios-x de coluna e pelve, por exemplo, tem a mesma carga radiológica ionizante de quatro meses de exposição constante à radiação natural e a 50 exames de raios-x de tórax.”

Por outro lado, as ultrassonografias e as ressonâncias magnéticas não representam qualquer risco à saúde das crianças, pois não emitem radiação. “As ressonâncias são indicadas para estudos detalhados do abdômen, pelve e articulações; na avaliação do sistema nervoso central e nos estudos funcionais”, pontuou Luiz Antonio.

O especialista lançou aos presentes algumas reflexões antes de solicitarem exames complementares de imagem com radiação ionizante. Deve ser considerado, por exemplo, as informações que ele trará, se serão úteis para a elucidação diagnóstica, se existe algum método eficaz para substituí-lo, o custo e os riscos desse exame.

Para minimizar os riscos da radiação nos pacientes pediátricos, Luiz Antonio indicou que sempre seja utilizada a menor quantidade possível de radiação nos exames (a imagem precisa estar nítida o suficiente para auxiliar no diagnóstico; estudar apenas a área indicada; evitar estudos múltiplos e pensar em alternativas, como ultrassonografias ou ressonância magnética.

Fonte: SZS Assessoria de Imprensa


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