Doador - O coração transplantado no sorocabano foi captado em São Paulo e era de um jovem de 22 anos que teve sua morte encefálica detectada após suicídio. José Luiz estava na fila de espera há 11 meses, tempo considerado baixo se comparado aos quase dois anos que a maioria dos pacientes costuma aguardar por um novo coração.

Falta de órgãos x angústia – De acordo com o cardiologista Wlademir, o tempo de espera relativamente curto e o sucesso da cirurgia realizada em José Luiz trouxe novo ânimo à equipe responsável pelos transplantes cardíacos no HUS. A declaração do médico reflete a angústia vivenciada pela equipe diante da diminuição drástica na captação de órgãos no Estado de São Paulo.

Neste ano, foram realizados três transplantes de coração no HUS. Trata-se de um número baixo, aquém da necessidade local. “Em nosso cadastro temos 23 pessoas inscritas”, conta o dr. Wlademir. Deste total, cinco são classificadas como viáveis (em condição de serem transplantadas), três estão inativas (passam por algum tratamento ou condição que impediria um transplante imediato) e 15 aguardam as conclusões das avaliações multidisciplinares para efetivamente entrarem na fila de espera.

A falta de órgãos para transplantes leva a situações angustiantes. O cirurgião cita o caso de um paciente que morreu no dia 7 de setembro na UTI do hospital. Há meses ele esperava por um novo coração que só foi disponibilizado horas depois de seu falecimento. “Situações como esta abalam tanto as famílias quanto os médicos”, lamenta, referindo-se à diminuição no número de doadores.

Procedimento complexo – Todos os transplantes envolvem uma apurada operação logística para captação e transporte do órgão até o centro transplantador. No caso do transplante cardíaco, tudo precisa ser feito com a máxima precisão e eficácia. Do momento em que um coração é disponibilizado até a finalização da cirurgia de transplante transcorrem cerca de 12 horas. “Em nossa equipe, o dr. João Augusto Ferraz de Sampaio é o responsável por avaliar os órgãos que são captados e acionar os primeiros movimentos. É ele, inclusive, que vai até os centros onde está sendo realizada a doação e se incumbe de trazer o órgão à Sorocaba “, conta o dr. Wlademir. “Graças a ele, temos conseguido muita agilidade e sucesso”, conclui.

Início – O HUS realizou seu primeiro transplante cardíaco no dia 9 de agosto de 2004. Desde então, a equipe responsável é chefiada pelo cirurgião cardiovascular Fernando de Barros Oliveira. No décimo transplante, além dos médicos Wlademir e João Augusto, também atuaram Héctor A. Archer Garcia, Maria de Fátima S Fischer, Valter M Guasti, Eduardo T Moro e Antonio César Anunciatto.

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