28 de Novembro de 2006 | 00h00
O Centro de Estudos Unimed de Sorocaba (Ceus) promoveu, no último dia 24, o fórum "Terminalidade da Vida", cujo foco está diretamente ligado a um dos assuntos mais discutidos pela comunidade médica brasileira na atualidade. Para falar às 150 pessoas que compareceram ao evento - entre médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogas, terapeutas ocupacionais e estudantes da área -, o Ceus convidou o médico Jairo Othero e a psicóloga Vera Anita Bifulco.
Dr. Carlos Alberto Caniello |
Durante a abertura oficial do fórum, o doutor Carlos Alberto Caniello, coordenador do Ceus e diretor da Unimed de Sorocaba, explicou que o encontro foi planejado para esta época justamente em função da Resolução que aborda a suspensão de procedimentos e tratamentos que permitem o prolongamento da vida em fase terminal de enfermidades graves e incuráveis - no último dia 9 de novembro pela Câmara Técnica formada por representantes dos conselhos federal e regional (de São Paulo) de Medicina e da Sociedade Brasileira de Bioética - e que se encontra às vésperas de ser publicada no Diário Oficial da União para, efetivamente, entrar em vigor. "Ao assistirmos a uma palestra do doutor Jairo Othero, consideramos apropriado convidá-lo a vir a Sorocaba para abordar esta questão de extrema importância", afirmou o dr. Caniello.
Dra. Vera Bifulco |
Em sua apresentação inicial, a dra. Vera Bifulco lamentou o fato de no Brasil apenas seis faculdades de enfermagem e cinco de medicina desenvolverem o curso de Cuidados Paliativos durante a graduação. "Por isto, é importante ajudar a formar a opinião dos futuros profissionais. Hoje, aqui, felizmente, vejo muitos jovens", destacou ao observar a quantidade expressiva de estudantes de medicina, enfermagem e de outras faculdades presentes.
Segundo o dr. Carlos Alberto Caniello, "o avanço da medicina em relação às tecnologias à disposição do médico traz inegáveis benefícios à saúde, mas, em alguns momentos, esse aparato tecnológico pode afetar a dignidade da pessoa, principalmente quando se trata do controle do processo da morte".
Segundo ele, biologicamente, alguns órgãos podem ser mantidos em funcionamento indefinidamente, de forma artificial, sem qualquer perspectiva de cura ou melhora. Alguns procedimentos da área médica, ao invés de curar ou de propiciar beneficio ao doente, podem, em determinadas circunstâncias, apenas prolongar este processo. "Existe uma proteção da dignidade das pessoas e, para isso, é necessário o exercício do direito à liberdade, o direito de exercer sua autonomia e de decidir sobre os últimos momentos de sua vida, decisão esta que precisa ser respeitada", afirma Caniello.
É necessário deixar claro que o direito de morrer dignamente não deve ser confundido com direito à morte. "Defender o direito de morrer dignamente não se trata de defender qualquer procedimento que cause a morte do paciente, mas de reconhecer sua liberdade e autodeterminação", pondera o dr. Caniello. "Devemos cuidar dos pacientes terminais (aqueles que apresentam doenças graves e incuráveis) dando a eles todo o suporte psicológico, espiritual e emocional, inclusive aos seus familiares. Devemos disponibilizar assistência médica e nutricional de qualidade, sem abrir mão da tecnologia, para uma sobrevida digna. Nesses casos, nada pode ser mais importante do que a relação humanizada entre o médico e o paciente", finaliza.
Toda a discussão pode ser resumida numa frase objetiva e com muito conteúdo (entre tantas colocações feitas pelos palestrantes) dita pela dra. Vera: "Quando se estuda a morte, estuda-se a vida".
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