As diretrizes da JCI estão contidas em um manual que define padrões focados nos cuidados prestados aos pacientes e em como o ambiente e infraestrutura devem ser mantidos para garantir qualidade e segurança. Confira abaixo as principais diretrizes para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto.

PADRÕES CENTRADOS NO PACIENTE


Metas Internacionais de Segurança do Paciente (IPSG)

As Metas Internacionais de Segurança do Paciente (IPSG) têm o objetivo de promover melhorias específicas na segurança do paciente. Elas destacam áreas problemáticas na atenção à saúde e descrevem soluções de consenso baseadas em evidências e de especialistas para esses problemas. Reconhecendo que a estruturação de sistemas de alerta é intrínseca à prestação de cuidados de saúde seguros e de alta qualidade, as metas geralmente se concentram em soluções de sistema amplos, sempre que possível.


Acesso ao Cuidado e Continuidade do Cuidado (ACC)

Os hospitais precisam considerar o cuidado prestado como parte de um sistema integrado de prestadores de serviços, profissionais de saúde e níveis de atenção, que compõem um cuidado contínuo.

Essa diretriz orienta sobre processos para corresponder corretamente as necessidades de saúde do paciente com os serviços disponíveis, coordenar os serviços oportunos e de alta qualidade prestados ao paciente na organização e, em seguida, planejar a alta, transferência e acompanhamento. O resultado é a melhoria dos resultados do cuidado ao paciente e o uso mais eficiente dos recursos disponíveis.

A informação para o cuidado contínuo é essencial para tomar decisões corretas sobre:

  • quais necessidades do paciente podem ser atendidas pela organização da saúde;
  • priorização para pacientes com necessidades urgentes ou imediatas;
  • fluxo eficiente de serviços ao paciente;
  • acesso a serviços intensivos ou especializados;
  • coordenação e continuidade do cuidado;
  • encaminhamento, transferência ou alta do paciente para sua casa ou para outro ambiente de cuidado;
  • transporte seguro de pacientes.

Cuidado Centrado no Paciente (PCC)

Essa diretriz busca formas para melhorar os resultados do cuidado ao paciente, e seus familiares e/ou aqueles que tomam decisões em seu nome. Para isso, eles precisam estar bem informados e envolvidos em decisões e processos assistenciais de forma que correspondam às suas expectativas culturais. Este capítulo aborda processos para:

  • identificar, proteger e promover os direitos do paciente;
  • informar os pacientes sobre seus direitos;
  • incluir a família do paciente, quando apropriado, nas decisões sobre o cuidado do paciente;
  • incorporar a satisfação e a experiência do paciente na qualidade do cuidado;
  • obter consentimento informado;
  • educar os profissionais sobre os direitos do paciente e da família; e
  • informar pacientes e familiares sobre o processo de supervisão do hospital para a captação de órgãos e tecidos.

Avaliação de Pacientes (AOP)

Essa diretriz está focada no processo de avaliação de pacientes, o qual tem o objetivo de determinar o cuidado, o tratamento e os serviços que atenderão às necessidades iniciais e contínuas do paciente. De forma eficaz, este processo resulta em decisões sobre as necessidades de tratamento do paciente para atendimento de emergência, eletiva ou planejada, mesmo quando a condição do paciente muda.

A avaliação do paciente é um processo contínuo e dinâmico que consiste em três processos primários:

  1. Coleta de informações e dados sobre o estado físico, psicológico e social do paciente e o histórico de saúde;
  2. Analisar os dados e informações, incluindo os resultados de exames laboratoriais, imagem diagnóstica e monitoramento fisiológico, para identificar as necessidades de saúde do paciente;
  3. Desenvolver um plano de cuidado para atender às necessidades identificadas do paciente.

As necessidades do paciente devem ser reavaliadas ao longo do curso de cuidados, tratamentos e serviços. Isso é fundamental para entender a resposta do paciente ao cuidado, tratamento e serviços prestados e é essencial para identificar se as decisões assistenciais são adequadas e eficazes.

A avaliação do paciente é adequada quando considera a condição, idade, necessidades de saúde e solicitações ou preferências do paciente.


Cuidados com os Pacientes (COP)

Essa diretriz trata dos cuidados com os pacientes desde o seu planejamento, coordenação e a implementação para que respondam às necessidades e objetivos únicos de cada paciente.

Os cuidados podem ser preventivos, paliativos, curativos ou reabilitados e podem incluir anestesia, cirurgia, medicação, terapias de apoio ou uma combinação dessas e baseiam-se na avaliação e reavaliação de cada paciente.

Áreas de cuidado de alto risco (incluindo ressuscitação, administração de sangue, transplante de órgãos e tecidos) e cuidados com populações de alto risco ou necessidades especiais requerem atenção adicional. Parte do cuidado também inclui identificação e a redução de fatores de risco que podem impactar o cuidado do paciente, como riscos associados ao uso de alarmes clínicos e lasers.

O cuidado aos pacientes é prestado por muitas categorias profissionais os quais devem ter um papel claro determinado por sua licença; credenciais; certificação; leis e regulamentos; as habilidades particulares, o conhecimento e a experiência; e as políticas de organização ou descrições de trabalho.

Alguns cuidados podem ser realizados pelo paciente, sua família ou outros cuidadores treinados. Um apoio adicional também pode ser fornecido por um(s) indivíduo, como um representante (advocate) de doador vivo, que tenha conhecimento sobre o processo assistencial e possa informar os pacientes, independentemente, sobre todas as considerações que possam afetar a tomada de decisão.

A prestação de cuidados e serviços deve ser coordenada e integrada por todos os indivíduos que cuidam do paciente. Trabalhando em conjunto com o paciente e a família, esses indivíduos garantem que:

  • com base na avaliação, o cuidado é planejado para atender às necessidades únicas de cada paciente;
  • o cuidado planejado é prestado a cada paciente;
  • a resposta do paciente ao cuidado é monitorada;
  • o cuidado planejado é modificado quando necessário com base na resposta do paciente.

Anestesia e Cuidados Cirúrgicos (ASC)

Essa diretriz aborda os processos que envolvem anestesia cirúrgica, sedação e intervenções cirúrgicas, que exigem avaliação completa e abrangente do paciente, planejamento de cuidados integrados, acompanhamento contínuo do paciente e transferência determinada por critérios para atendimento contínuo, reabilitação e eventual transferência e alta.

Abordará tanto a anestesia quanto a sedação onde os reflexos protetores do paciente, necessários para uma manutenção de função aérea patente e ventilatória, estão em risco. Porém, este capítulo não trata do uso da sedação para fins de ansiólise ou sedação necessária na UTI para tolerância à assistência ventilatória.

Como a cirurgia tem um alto nível de risco, deve ser cuidadosamente planejada e realizada. As informações sobre o procedimento cirúrgico e o cuidado após a cirurgia são planejadas, com base na avaliação do paciente, e documentadas. Considerações especiais são dadas à cirurgia que envolve a implantação de um dispositivo médico, incluindo a notificação de dispositivos que não funcionam, bem como um processo de acompanhamento com pacientes em caso de recall.


Gerenciamento e Uso de Medicamentos (MMU)

Essa diretriz trata-se de processos que buscam dar suporte ao gerenciamento ideal de medicamentos e que apoiem o seu uso seguro e eficaz. É necessário um esforço multidisciplinar dos profissionais de saúde aplicando os princípios de concepção, implementação e melhoria de todos os aspectos do processo de gerenciamento de medicamentos, que inclui a seleção, aquisição, armazenamento, requisição/prescrição, transcrição, distribuição, preparação, dispensação, administração, documentação e monitoramento de terapias medicamentosas.

Os processos de gerenciamento de medicamentos para a segurança do paciente são universais, e devem ser apoiados por evidências científicas e orientações, como no desenvolvimento de um programa de administração de antibióticos e no uso de diretrizes de prática de medicamentos aceitas.


PADRÕES PARA O GERENCIAMENTO DAS ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE


Melhoria da Qualidade e Segurança do Paciente (QPS)

Essa diretriz é destinada para apoiar a melhoria contínua da qualidade e a segurança do paciente.

A qualidade e a segurança estão enraizadas no trabalho diário de todos os profissionais da organização. À medida que o corpo clínico avalia as necessidades dos pacientes e presta cuidados, este capítulo pode ajudá-los a entender como fazer melhorias reais que ajudem os pacientes e reduzam os riscos.

Da mesma forma, os profissionais não clínicos podem aplicar os padrões ao seu trabalho diário para entender como os processos podem ser mais eficientes, os recursos podem ser usados com mais sabedoria e os riscos físicos podem ser reduzidos.

Alguns itens que são abordados neste capítulo:

  • gerenciamento das atividades de qualidade e segurança do paciente;
  • seleção, validação e utilização de dados para medir os processos;
  • uso efetivo de benchmarkings;
  • identificação e gerenciamento de eventos adversos;
  • implementação e sustentação de melhorias;
  • monitoramento dos riscos.

Prevenção e Controle de Infecções (PCI)

O objetivo do programa de prevenção e controle de infecções é identificar e reduzir ou eliminar os riscos de aquisição e transmissão de infecções entre pacientes, funcionários, profissionais de saúde, contratados, voluntários, estudantes, visitantes e comunidade. Além disso, o desenvolvimento de iniciativas do hospital relacionadas à evolução das práticas e/ou preocupações em saúde, como um programa de administração de antibióticos e um programa de resposta a doenças transmissíveis globais, é um componente essencial do programa de prevenção e controle de infecções.

Os riscos de infecção e as atividades do programa diferem de organização para organização, dependendo das atividades clínicas e serviços da organização, população de pacientes atendidas, localização geográfica, volume de pacientes e número de profissionais. As prioridades do programa devem refletir os riscos identificados na organização, os desenvolvimentos globais e comunitários e a complexidade dos serviços prestados.

Programas eficazes de prevenção e controle de infecções têm em comum líderes identificados, equipe bem treinada, métodos para identificar e abordar proativamente os riscos de infecção em pessoas e no meio ambiente, políticas e procedimentos adequados, educação dos profissionais, e coordenação em toda a organização.


Governança, Liderança e Direção (GLD)

Prestar um excelente cuidado ao paciente requer uma liderança eficaz.

A liderança efetiva começa com a compreensão das diversas responsabilidades e autoridade dos indivíduos na organização e como estes trabalham juntos.

Coletivamente e individualmente, são responsáveis pelo cumprimento das leis e regulamentos e pelo cuidado da responsabilidade da organização com a população atendida.

Com o tempo, a liderança eficaz ajuda a superar barreiras percebidas e problemas de comunicação entre os departamentos, a organização se torna mais eficiente e eficaz e os serviços se tornam cada vez mais integrados.

Em particular, a integração de todas as atividades de gerenciamento e melhoria da qualidade em toda a organização resulta em melhores resultados para os pacientes.

Alguns assuntos abordados sobre essa diretriz:

  • Definição da governança do hospital;
  • Principais responsabilidades da alta direção;
  • Gestão de Contratos;
  • Gestão de Recursos Humanos e Técnicos;
  • Organização e Prestação de Contas do Corpo Clínico;
  • Gestão de departamentos e serviços do hospital;
  • Ética organizacional e clínica;
  • Educação dos profissionais em Saúde.

Além disso, a pesquisa com seres humanos, quando fornecida dentro do hospital, deve ser orientada por leis, regulamentos e com comprometimento da liderança.


Gerenciamento das Instalações e Segurança (FMS)

Essa diretriz aborda processos para garantir instalações seguras, funcionais e de apoio para pacientes, famílias, profissionais e visitantes.

Deve existir um gerenciamento efetivo das instalações focado em: reduzir e controlar riscos; prevenir acidentes e lesões; e manter condições seguras.

O gerenciamento deve incluir programas escritos que incluem as seguintes oito áreas, quando apropriados para as instalações e atividades da organização:

  1. Segurança: o grau em que os edifícios, áreas de construção, terrenos e equipamentos da organização não representam risco ou risco para pacientes, profissionais ou visitantes.
  2. Proteção: proteção contra perdas, destruição, adulteração ou acesso ou uso não autorizados.
  3. Materiais e resíduos perigosos: o manuseio, o armazenamento e o uso de materiais radioativos e outros são controlados e os resíduos perigosos são descartados com segurança.
  4. Segurança contra incêndio: realizar uma avaliação contínua dos riscos para aumentar a proteção das instalações e dos ocupantes contra o fogo e a fumaça.
  5. Equipamento médico: o equipamento é selecionado, mantido e usado de forma a reduzir riscos.
  6. Sistemas utilitários: sistemas elétricos, de água e outros sistemas utilitários são mantidos para minimizar os riscos de falhas operacionais.
  7. Gerenciamento de emergência: os riscos são identificados e a resposta a epidemias, desastres e emergências é planejada e eficaz, incluindo a avaliação da integridade estrutural dos ambientes de cuidado ao paciente.
  8. Construção e reforma: os riscos para os pacientes, profissionais e visitantes são identificados e avaliados durante as atividades de construção, reforma, demolição e outras atividades de manutenção.

Qualificação e Educação de Profissionais (SQE)

Uma organização de saúde precisa de uma variedade adequada de pessoas habilitadas e qualificadas para cumprir sua missão e atender às necessidades dos pacientes.

Recrutar, avaliar e nomear profissionais é mais resolutivo quando realizados através de um processo coordenado, eficiente e uniforme. Também é essencial documentar habilidades do candidato, conhecimento, educação e experiência de cargo anterior.

As organizações de saúde devem oferecer aos profissionais oportunidades de aprender e avançar pessoal e profissionalmente. Assim, a educação em serviço e outras oportunidades de aprendizagem devem ser oferecidas aos profissionais.

Com o objetivo de garantir a saúde física e mental dos profissionais, a produtividade, a satisfação dos profissionais e as condições seguras de cargo, a organização provém um programa de saúde e segurança dos profissionais.

O programa é dinâmico, proativo e inclui questões que afetam a saúde e o bem-estar dos profissionais, como triagem inicial de saúde no emprego, controle de exposições ocupacionais nocivas, imunizações e exames preventivos, tratamento seguro do paciente, equipe como segunda vítima e condições comuns relacionadas ao cargo.

Alguns itens trabalhados neste capítulo:

  • Planejamento e estrutura de recursos humanos;
  • Saúde e Segurança dos Profissionais;
  • Determinação de Membros do Corpo Médico;
  • Atribuição e renovação de Privilégios Clínicos ao Corpo Médico;
  • Avaliação Contínua dos membros do corpo Médico, corpo de enfermagem e outros profissionais.

Gerenciamento da Informação (MOI)

Falhas na comunicação são uma das causas mais comuns de incidentes de segurança do paciente e por esse motivo é de extrema importância que seu gerenciamento seja feito da forma correta, garantindo uma boa comunicação com os pacientes e seus familiares, outros profissionais de saúde e a comunidade. Assim como os recursos humanos, materiais e financeiros, a informação é um recurso que deve ser gerenciado efetivamente pelos nossos líderes.

Muitas vezes, essas falhas de comunicação acontecem por uma caligrafia ilegível, o uso não uniforme ou não padronizado de abreviaturas, símbolos e códigos dentro do PEP ou outros documentos da instituição, a não integridade do prontuário do paciente (fundamental para a qualidade e segurança do cuidado do paciente e a continuidade do cuidado), o uso inapropriado da função “Copiar e Colar”, que traz riscos potenciais, como duplicar informações que são imprecisas ou desatualizadas, etc.

Além disso, o capítulo MOI espera que sejamos mais eficazes em:

  • Identificar as necessidades de informação e tecnologia da informação;
  • Projetar/implantar sistemas de gerenciamento de informações;
  • Definir e capturar dados e informações;
  • Analisar dados e transformá-lo em informação;
  • Transmitir e emitir dados e informações;
  • Proteger a confidencialidade, a segurança e a integridade dos dados e informações (meio de processos que protejam contra perdas, roubos, danos e destruição); e
  • Integrar e utilizar informações para melhoria de desempenho.

Excelência no
cuidado da vida.

É melhor para o paciente, para os cooperados, para os colaboradores e para a instituição. É melhor para todos.